Levantamento realizado pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) mostra que, entre 2015 e 2020, nada menos do que 36,6 mil indústrias fecharam as portas no Brasil.
O número equivale a uma média de quase 17 fábricas extintas por dia. Em 2020, ano marcado pela pandemia do novo coronavírus, 5,5 mil fábricas encerraram suas atividades.
E a sangria continua. Há duas semanas a Ford anunciou sua decisão de fechar suas três fábricas no Brasil, acompanhando duas outras importantes multinacionais, a Sony e a Mercedes-Benz, que também decidiu encerrar a produção de automóveis no país no fim de 2020.
“O processo de desindustrialização agravou-se com a recessão iniciada em 2014, mas começou com o Plano Real, na década de 1990, por causa do câmbio apreciado que encareceu os produtos brasileiros e barateou os importados”, explica o economista Fabio Bentes, da Divisão Econômica da CNC e responsável pelo estudo. “Mas houve outros fatores, como o Custo Brasil, a queda da produtividade e a falta de investimentos em modernização”.
De acordo com o estudo, há seis anos o país tinha 384,7 mil estabelecimentos industriais. No fim do ano passado, a estimativa era de que o número tinha caído para 348,1 mil.
A fatia da indústria da transformação no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá cair para 11,2% em 2020, o patamar mais baixo da série histórica iniciada em 1946.
Bentes diz que o fato mais grave da desindustrialização é que ela gera sempre mais desindustrialização. Se a produção cresce, cada aumento de 1 ponto porcentual gera abertura de cerca de 1,2 mil unidades produtivas no ano seguinte. Só que o mesmo raciocínio vale no caso de queda de produção.
“Diante disso, não se pode descartar que haja uma redução ainda mais forte no número de indústrias este ano”, adverte o economista.
O levantamento da CNC foi feito a partir da Relação Anual de Informações Sociais (Rais), do Ministério da Economia, e do Sistema de Contas Nacionais, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Apenas os dados referentes a 2020 são uma projeção, feita com base em estimativas para o PIB e para a produtividade da indústria de transformação.
Fonte: Boletim Usinagem Brasil